Um dia
vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.
Como não sou judeu, não me incomodei.
No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.
Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram
e levaram meu vizinho católico.
Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...
Martin Niemöller - 1933 - Símbolo da resistência aos nazistas.
(Eduardo Alves da Costa)
Na primeira noite, eles se aproximam
e roubam uma flor
de nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
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O poema de Eduardo Costa guarda semelhança com o do pastor Martin Niemöller e com a poesia de Maiakovski, que inspirou Costa. Os dois, excelentes, nos lembram para manter aceso o sentimento de indignação e nunca se acomodar.
O poema de Eduardo Costa guarda semelhança com o do pastor Martin Niemöller e com a poesia de Maiakovski, que inspirou Costa. Os dois, excelentes, nos lembram para manter aceso o sentimento de indignação e nunca se acomodar.
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