quarta-feira, 28 de maio de 2014

O CANDOMBLÉ QUE EU ACREDITO

Desconheço a autoria, mas compartilho com todos a essência do que seja o Candomblé, visto por um adepto. E se isso tudo o que está aqui não pode ser considerado, ainda, religião, eu não consigo entender o que é ligar-se ao Sagrado. 

O CANDOMBLÉ QUE EU ACREDITO 



O Candomblé que eu acredito é aquele construído por todos, espaço e tempo de continuar...

O Candomblé que eu acredito abomina a feitiçaria, o topa tudo por dinheiro, o materialismo desenfreado...

O Candomblé que eu acredito tem no Òrìsà o início, o fim e o meio, último e único recurso...

O Candomblé que eu acredito é o das velhas e negras senhoras, de fé inabalável e sabedoria que brota das raízes...

O Candomblé que eu acredito adora árvores como deuses, e tem na vida seu bem supremo...

O Candomblé que eu acredito é aquele onde o rechilieu não suplanta valores e onde não se substitui a forma pelo conteúdo...

O Candomblé que eu acredito resistiu à escravidão, ao porrete da polícia, a marginalização e demonização sempre lhe imputada...

O Candomblé que eu acredito se faz no dia-a-dia, na convivência, na tolerância com o irmão, na humildade, e numa infinita paciência consigo e com os outros...

O Candomblé que eu acredito não é um modismo, um suvenir, algo descartável que jogamos fora quando não nos serve mais...

O Candomblé que eu acredito não é um show de estética extravagante, circo dos incautos, mas um ritual de celebração a vida...

O Candomblé que eu acredito é uma experiência vivida de amor pleno ao Deus Pai e Mãe, dentro e fora de nós...."

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Martin Niemöller e Eduardo Alves da Costa



Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu.
Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram
meu outro vizinho que era comunista.

Como não sou comunista, não me incomodei.
No terceiro dia vieram
e levaram meu vizinho católico.

Como não sou católico, não me incomodei.
No quarto dia, vieram e me levaram;
já não havia mais ninguém para reclamar...

Martin Niemöller - 1933 - Símbolo da resistência aos nazistas.



No caminho com Maiakovski
(Eduardo Alves da Costa)

Na primeira noite, eles se aproximam
e roubam uma flor
de nosso jardim.
E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.

Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.
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O poema de Eduardo Costa guarda semelhança com o do pastor Martin Niemöller e com a poesia de Maiakovski, que inspirou Costa. Os dois, excelentes, nos lembram para manter aceso o sentimento de indignação e nunca se acomodar.

domingo, 25 de maio de 2014

Símbolo do CEDIR é o Adinkra MPATAPO, o nó da reconciliação e da paz

         


                    Os Adinkra são ideogramas que compõem um antigo sistema de escrita dos povos akan, da África ocidental (atual República de Gana, Togo e parte da Costa do Marfim). Os mais de 80 símbolos desse conjunto epistemológico transmitem aspectos da história, da filosofia e dos valores socioculturais dos povos africanos. Cada símbolo está associado a um provérbio ou ditado específico, enraizado na experiência dos akan. O conjunto desses símbolos, chamados adinkra, formam um sistema de preservação e transmissão dos valores acumulados pelos akan.




Esse conjunto de símbolos representam ideias expressas em provérbios. O adinkra é um entre vários sistemas de escrita africanos, fato que contraria a noção de que o conhecimento africano se resuma apenas à oralidade. Na verdade, a grafia nasce na África com os hieróglifos egípcios e seus antecessores. Diversos outros sistemas de escrita percorrem a história africana em todo o continente.


              Além da representação grafada, os símbolos adinkra são estampados em tecidos e adereços, esculpidos em madeira ou em peças de ferro para pesar ouro. Muitas vezes eles são associados com a realeza, identificando linhagens ou soberanos. O gwa, ou assento real, um banco esculpido, representa a soberania da nação ashante. Em muitos casos a imagem esculpida no gwa é a de um adinkra. Assim, o conceito de escrita expande-se para além da noção ocidental restrita apenas à letra grafada