Quando
assinamos no ano passado o Manifesto 2000 por uma Cultura de Paz e Não
Violência estávamos aceitando a definição dada pela UNESCO para uma Cultura
de Paz, ou seja, o comprometimento de promover e vivenciar o respeito a
vida e dignidade de cada pessoa sem discriminação ou preconceito, a rejeição de
qualquer forma de violência, o compartilhar de tempo e recursos com
generosidade a fim de terminar com a exclusão, a injustiça e a opressão
política e econômica, desenvolver a liberdade de expressão e diversidade
cultural através do diálogo e da compreensão do pluralismo, manter um consumo
responsável respeitando todas as formas de vida e contribuir para o
desenvolvimento da minha comunidade, área, país e planeta.
A
Educação deve ser orientada para a Cultura da Paz, desde e principalmente dos
níveis elementares. Para tanto, professores precisam de reciclagem adequada,
bem como a formação de novos professores deve ser feita levando-se em conta
esses valores.
A saúde
do planeta - tanto dos seres humanos como da natureza - deve ser cuidada, de
maneira a jamais violentar a vida.
A
Segurança deve estar voltada para maiores oportunidades de empregos, maior
justiça social com maior inclusão e nunca em mais armamentos. Devemos nos
desarmar tanto física como psicologicamente, a fim de encontrarmos um nível de
segurança superior, onde as causas das violências são extirpadas - não apenas
seus efeitos.
Procurar
desenvolver a Mídia da Paz - com jornalistas, intelectuais, publicitários,
artistas, promotores de eventos conscientes da influencia das palavras, sons e
imagens nos seres humanos e em todos os seres.
Para que
a Cultura da Paz seja estabelecida teremos de preparar pessoas e equipes que
possam atuar na comunidade, nas mais diversas áreas, a fim de educar para a
Paz.
Temos de
encorajar os que desenvolvem trabalhos, estudos, obras relacionadas com a
Cultura da Paz.
A minha
instituição, que está sendo fundada no momento, a Comunidade Zen Budista, tem
se mostrado participante e atuante nos encontros inter-religiosos por uma
Cultura de Paz aqui em São Paulo e no Rio de Janeiro, tendo nos tornado membros
da United Religions Initiative, URI, que promove a Paz em esfera internacional.
Temos feito divulgação na imprensa escrita, falada e televisada sobre a
importância do estabelecimento da Paz e da não violência ativa. Temos feito
cursos, palestras e participado da organização de programas de bairro para a
Educação Ambiental e resgate dos seres humanos nas ruas bem como a instalação
de uma escola de informática e grupos de meditação no Carandiru em SP.
Internacionalmente, a tradição Soto Zen, da qual a
Comunidade Zen Budista se ramifica, tem atuado em vários países de forma
educacional ou de assistência social, com voluntários e profissionais. Nos
Estados Unidos, foi recentemente criada a Zen Peacemaker Order - instituição
voltada para cultivar a Paz lembrando-nos a todos que somos testemunhas
responsáveis pelo estado do mundo atual. Este só se transformará quando cada um
de nós se transformar em verdadeira Paz, carinho e cuidado pela Terra e pela Vida.
*Monja Coen é zen budista, missionária oficial da tradição Soto Shu, com sede no Japão, e primaz fundadora da Comunidade Zen Budista, criada em 2001 com sede em Pacaembu, São Paulo.